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sábado, março 08, 2003

Simplicíssimo - Jornal Virtual de peridiocidade quinzenal (quiçá semanal)
18/11/2002 - Edição número 2 - Editora SuperJazz7 - The Brains Corp.

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SÚ-MÁRIO

1. Editorial............................................................Rafael
Luiz Reinehr

2. Dúvidas...................................Rafael Luiz Reinehr

3. Qual o tipo de Escola ideal?...................Rafael Luiz Reinehr

4. Primeiras Linhas.......................Evelise Birck Rodrigues

5. PS:.............................................................Rafael
Luiz Reinehr

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1. Editorial

Muita coisa já aconteceu por aí, Mundo afora. E na sua vida, no seu
mundo? Por aqui tudo em cima. Muito trabalho duro na vida real. Já aqui, no
mundo da fantasia do Simplicíssimo tudo correndo às mil maravilhas. Bem, é
que, como vocês sabem, este fanzine está começando. E está começando
mesmo!!! Então ainda não temos muitos colaboradores, se é que vocês me
entendem. Mas isso vai mudar... ...espero!
Nessa edição uma breve análise metafísica sobre a dúvida e sobre a
origem e o sentido das coisas (e para ser mais interessante, uma análise
apenas parcial, superficial e incompleta, que não nos leva a nada nem a
lugar algum!). No segundo artigo apresento um trabalho escrito há muito
tempo e achei que poderia coloca-lo no Simplicíssimo, mesmo achando-o
brutalmente incompleto e muito superficial. Mas nesse mundo de hoje, não é a
aparência, a superfície que importa, que chama a atenção das pessoas? Bundas
e escândalos: se não for uma dessas, não cola...
Também mais um textículo da renomada (nem tanto assim) enfermeira e
escritora Evelise B Rodrigues, figurinha carimbada do Simplicíssimo.
Esses artigos foram extraídos da edição impressa dos jornais
Simplicíssimo números 2 e 3, publicados em 15/01/2001 e 29/01/2001. O
Simplicíssimo como jornal impresso teve curta duração: foi até o número 5.
Extrairei desses jornais alguns artigos para serem agora reproduzidos nesta
edição "virtual".
A propósito: estamos esperando colaborações para as edições vindouras do
Simplicíssimo. Vale qualquer coisa em se tratando de prosa, poesia, contos,
crônicas, divagações, teorias, letras de música, receitas culinárias,
reproduções de pedaços da lista telefônica, extratos bancários, excertos de
livros que te chamaram atenção, citações, resenhas, resultados de pesquisas
científicas, teses de mestrado, doutorado, pós-doutorado ou
pós-pós-doutorado, opiniões, sugestões, insultos e ofensas, redações e
composições do tempo da infância, etc., ou seja, qualquer forma de expressão
cultural na forma escrita que possa ser reproduzida nestas páginas.
Ressalta-se que, preferencialmente sejam enviadas em formato .txt (pois
ocupa menos espaço). Caso seja enviado em .doc ou .htm, podem haver perdas
significativas na formatação.
Vamos lá sem mais delongas ao que interessa: Simplicíssimo número 2!

Rafael Luiz Reinehr - Editor

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2. Dúvidas
Rafael Luiz Reinehr

Quem não teve as suas? Este seria o complemento ideal para o título
acima. Mas isso é bobagem. Quer coisa mais intrigante que uma dúvida?
Dúvidas são feitas para atazanar nossa vida, para nos deixar indecisos. Mas
dúvidas também são feitas para provocar reflexões, revoluções, são o passo
intermediário entre o nada, a "coisa estática" e a solução do problema, a
evolução.
Acreditando nisso, estamos contemporaneamente acreditando que para nos
tornarmos pessoas melhores, mais sábias e, quem sabe, mais humanas, temos
que ter dúvidas. O maior número possível delas, pois são elas que vão nos
levar ao zênite.
A iluminação que germina da meditação necessária para que possamos
sanar uma dúvida é a arma mais poderosa das culturas orientais. Através
dessa "iluminação", os povos do Oriente revelam suas interrelações com o
ambiente, com seus semelhantes e consigo mesmo. Nos "koans" taoístas, nos
"mantras" hindus e nas citações e provérbios budistas encontramos peças
raras de ensinamentos repletos de luz, compaixão, sabedoria, justiça e
verdade.
Minha dúvida maior neste momento é: quem somos? Nesta virada de
milênio, com a chegada da tão propagandeada Era de Aquarius, que virá,
segundo dizem alguns, para trazer um período de humanismo sem precedentes.
Nessa Era há tanto esperada, os seres humanos farão descobertas morais que
se refletirão em um maior auto-conhecimento e em um convívio harmonioso
entre seres de diferentes raças, credos e níveis sociais. Inclusive, dizem,
essas diferenças passarão a ser meras características ou, mesmo, deixarão de
existir.
Quem somos. Uma boa questão para se refletir. Se somos mesmo seres
humanos, repletos de inteligência - únicos na face da Terra - como acredita
a maioria, como podemos nos relacionar com nossos semelhantes da forma que o fazemos nesses dias?

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3. Qual o tipo de Escola ideal?
Rafael Luiz Reinehr

A Escola é um produto da sociedade e de sua cultura e, como tal, deve, da
melhor maneira possível, reproduzir os meio de comunicação utilizados
normalmente entre as pessoas, desenvolver conhecimentos indispensáveis à
evolução da sociedade e transmitir os valores culturais.
A alfabetização deve ser considerada como um modo de preparar o homem para
um papel social, cívico e até econômico, ultrapassando o singelo ensino da
leitura e escrita.
Em uma Escola ideal, o ensinamento de todos esses aspectos culturais e
sociais e intelectuais devem levar a pessoa, com liberdade de pensamento, à
melhor compreensão do mundo que o rodeia, abrindo assim, um caminho para o
conhecimento humano básico, indispensável à vida e à evolução.

A Escola Ideal sob o Prisma da Psicanálise

Qual a Escola Ideal segundo a análise psicanalítica? Aquela que incita o
aluno a aprender aquilo que não lhe é ensinado? Aquela que ajuda o aluno a
superar ou alcançar o limite de suas aptidões? Aquela que consegue manter
uma relação harmoniosa entre aluno e professor? Aquela que faz brotar algo
novo a cada geração, gerando e não apenas transmitindo conhecimento? Tenha
disciplina para que não se criem delinqüentes mas seja liberal para
proporcionar ao estudante a liberdade de decidir por ele próprio o que é
certo ou não?
Sim, todos esses aspectos fariam parte dessa suposta Escola Ideal; mas,
haveria mais um, e, talvez, o mais importante deles: uma Escola que
desenvolva um método de controlar os efeitos que a educação produzirá no
inconsciente dos alunos. A importância desse método seria o fato de que, na
realidade, somos controlados em parte por nosso inconsciente, é ele quem
realmente "manda" na pessoa, como sugerem os atos falhos. Neles, realmente
demonstramos o que gostaríamos de estar fazendo.
Atualmente, o que vemos é uma educação dirigida à consciência, já que é por
ela que somos conduzidos a uma determinada direção.
Outra mudança proposta dentro da mentalidade da Escola é em relação à
repressão imposta aos alunos. Por que a Escola foi sempre tão repressora?
Ora, para evitar que a juventude mude por completo um sistema que seus
ascendentes imediatamente superiores lutaram tanto para colocar em prática.
Na imaginária Escola Ideal, não haveria tal repressão de atitudes ou
pensamentos, possibilitando radicais mudanças, o que, de certa forma seria o
natural.

O Professor no Contexto da Escola Ideal

O Educador, segundo Freud 1, é aquele que "deve buscar, para seu educando,
o justo equilíbrio entre o prazer individual do aluno e as necessidades
sociais".
São muito importantes as relações professor-aluno, visto que são elas que
estabelecem as condições para aprender, não importando os conteúdos.
Para uma perfeita harmonia entre o professor na Escola com aquilo que deve
ser transmitido ao aluno, encontrarmos uma barreira: o professor deseja
impor seu próprio desejo, sobrepondo sua autoridade ao aluno, dessa forma,
poderá aprender conteúdos, gravar informações, espelhar fielmente o
conhecimento do professor, mas não sairá desta relação como ser pensante.
Em uma Escola Ideal, o professor deveria deixar de lado seu próprio desejo
inconsciente, tornar-se uma pessoa esvaziada, mas isto parece praticamente
impossível, já que é justamente este desejo que o impulsiona para a função
de mestre.


A Importância do Ambiente

O ambiente de estudo deve possuir as dimensões adequadas (espaços amplos),
materiais de trabalho e classes organizadas, número de pessoas limitado
(cerca de 20 a 30 alunos), deve haver segurança, uma temperatura
regularmente amena, luminosidade e higiene. Condições lógicas e básicas que
deveriam existir em qualquer escola para proporcionar o máximo de
aproveitamento por parte dos alunos.
Deve haver possibilidade de movimento e até mesmo preocupação com as cores
das paredes, que devem ser, de preferência, claras (para manter a atenção do
aluno na aula).
Seguindo estes princípios elementares, certamente o estudo renderá mais.

Um Porquê para a Necessidade de Crianças Diferentes em uma Classe

Às vezes pensa-se, e até se acha lógico que haveria um maior rendimento por
parte dos alunos se todos fossem do mesmo nível social, raça, idade e até
mesmo grau de deficiência física. Mas, ao contrário do que se pensa, as
diferenças entre alunos da mesma classe são benéficas, já que dessa forma
ocorre um contraste de conhecimentos e atitudes, o que permite ao nosso
cérebro analisar as diferenças e dessa forma somar um ponto ao
desenvolvimento, tanto social quanto intelectual.
No momento em que se adere a um projeto em grupo onde os participantes são
de diferentes tipos, e cada um participa ativamente de seu desenvolvimento,
cada qual dele se beneficia, ou seja, encontra meios para seu próprio
desenvolvimento.
O que importa é que cada um tenha possibilidade de expressar-se e afirmar
sua originalidade. Isto será tanto mais fácil quanto mais diferentes forem
as pessoas e quanto mais forem os papéis percebidos como complementares.
Um grupo composto de indivíduos diferentes é sempre mais dinâmico e
imaginativo do que um grupo com indivíduos mais ou menos semelhantes.

Idéias para um Melhor Aprendizado

Quais atividades deve-se propor à criança para que ela integre determinada
noção ou conhecimento?
Uma idéia proposta por Judith S. Engel ² demonstra a possibilidade de
questionamento dos estudantes pelos seus próprios colegas ao invés do
professor, como acontece usualmente. Dessa forma eles poderiam desenvolver a
habilidade do pensamento crítico, imaginação, melhorar os conceitos do
estudante e trazer boas relações sociais na classe.
A teoria se baseia no fato de que estudantes, sendo parte da ação, no
momento em que questionam seus colegas e são também questionados, eles
tornam-se mais atentos à lição. Os estudantes são encorajados a escutar e
aprender com seus melhores amigos.
Essa é com certeza uma maneira criativa e muito útil, já que, assim, todos
estudantes estarão aprendendo ao mesmo tempo e compartilhando seu
conhecimento com seus colegas.
Outra idéia do mesmo livro ², desta vez proposta por Robert J. Lacklen,
propõe que os questionamentos devem ser a base do processo educacional, ao
invés do estudo dos fatos - base atual do ensino. Pesquisas têm demonstrado
que inquisições por parte dos alunos resultam em um aprendizado real muito
maior do que oferece o atual sistema. Desenvolve-se assim o potencial
íntimo, inerente de cada um.
Além disso, deve ser dada mais ênfase na aquisição de habilidades
necessárias em ocupações como leitura, escrita e matemática, que ajudam no
desenvolvimento primário e, no caso da matemática, estimula o raciocínio
lógico.
Como motivar a criança para que se interesse pela atividade, para que
mantenha sua atenção?
Bem, na Escola Ideal, alternar-se-iam os tipos de ensino. Por exemplo:
aulas teóricas e discussões sobre o assunto (no caso de jovens) ou
brincadeiras (no caso de crianças) seriam dados na mesma aula, intercalados:
- Crianças: 10 minutos de aula teórica, 20 minutos de brincadeira, 10
minutos de aula teórica, 10 minutos de brincadeira
- Adolescentes: 15 minutos de aula teórica, 20 minutos de discussão, 15
minutos de aula teórica
- "Adultos": 20 minutos de aula teórica, 10 minutos de discussão, 20 minutos
de aula teórica
Pelo visto, muito diferentemente do que temos hoje: aulas apenas teóricas e
aulas especiais para
discussões (tendo como exemplo o ensino secundarista).
Outra sugestão seria o aperfeiçoamento dos programas, após estudos
detalhados por pessoas da área. Em meu modo de ver, as atuais orientações de
estudos não estão de acordo com as determinadas idades nem cumprem ao menos
parcialmente os objetivos da Escola Ideal.
Para afirmar isto, baseio-me no fato de que há muito não é feita uma
revisão profunda dos programas escolares (cerca de 45 anos) e que há muito
nossa sociedade se modificou e novos anseios devem ser preenchidos.
A necessidade da computação nos dias atuais é visível. É importante também
o desenvolvimento de dons artísticos, como música, pintura ou escultura
(lembrando Howard Gardner e sua Teoria das Inteligências Múltiplas ³).
Deve-se perceber a importância dos programas, como maneira de organizar o
aprendizado, mas não se deve ser rígido quanto ao seguimento destes, cabendo
ao professor e aos alunos decidir qual o melhor caminho a seguir.

Para Finalizar

Assim, fundamentada em uma relação professor aluno em que o professor
permita ao aluno expor suas idéias livremente, em um ambiente de estudo
saudável, com um método de ensino dirigido também para o inconsciente,
formada por alunos de diferentes tipos de características e personalidades,
encontraremos um protótipo muito próximo da Escola Ideal.
A abertura de oportunidades de relações autênticas, humanizadoras, não
depende somente de métodos pedagógicos sofisticados, da denúncia de
ideologias embutidas nos conteúdos escolares, da grita por instituições mais
livres e menos arcaicas. O que se deseja é sugerir aos pedagogos que não se
preocupem tanto com os métodos que muitas vezes constituem tentativas de
inculcar a todo custo, um conhecimento supervalorizado pelos professores.
O encontro entre o que foi ensinado e a subjetividade de cada um é que
torna possível o pensamento renovado, a criação, a geração de novos
conhecimentos. Esse mundo desejante, que habita diferentemente cada um de
nós, estará sendo preservado cada vez que um professor se dispuser a
desocupar o lugar de poder em que o aluno o coloca necessariamente no início
de uma relação pedagógica, sabendo que, se for atacado, nem por isso deverá
reprimir tais manifestações agressivas. Ao contrário, saberá que estão em
jogo forças que ele não conhece em profundidade, mas que são muito
importantes para a superação do professor como figura de autoridade e
indispensáveis para o surgimento do aluno como ser pensante. Matar o mestre
para tornar-se o mestre de si mesmo.
Ao professor, guiado por seu desejo, cabe o esforço imenso de organizar,
articular, tornar lógico seu campo de conhecimento e transmiti-lo a seus
alunos.
A cada aluno cabe desarticular, retalhar, ingerir e digerir aqueles
elementos transmitidos pelo professor, que se engancham em seu desejo, que
fazem sentido para ele e o professor, que encontram eco nas profundezas de
sua existência de sujeito do inconsciente.

Referências Bibliográficas

1. Kupfer, MC - Freud e a Educação - O mestre do impossível - Série
Pensamento e Ação no Magistério número 14 - Editora Scipione

2. Seventh World Conference on Gifted and Talent Children - 1990 - Expanding
Awareness of Creative Potentials Worldwide - Brain Talent-Powers Press

3. Gardner H - Estruturas da Mente - 1994 - Artes Médicas

Esse texto foi escrito em 1994 como trabalho de conclusão de uma cadeira da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
denominada "Desenvolvimento da Criança e do Adolescente", ministrada pelo
Departamento de Psiquiatria da referida Faculdade. Apesar de bastante
superficial, traz alguns aspectos psicopedagógicos que devem ser discutidos
frente aos novos conceitos da área, incluindo a teoria das Inteligências
Múltiplas de Howard Gardner, que serão discutidas em uma edição vindoura do
Simplicíssimo.

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4. Primeiras Linhas
Evelise Birck Rodrigues

Pela primeira vez, não exatamente primeira, mas oficialmente é, sento
neste computador e tento escrever algo de bom que possa ser lido por alguém
e surta efeito (bom ou não). O intuito básico é surtir efeito mesmo, fazer
pensar, fazer sorrir ou fazer indignar. Então sobre o que escrever???
Escrever sobre juventude, amor e relacionamentos seria chover no molhado. É
dizer o que, por muitos, já foi dito de mil ou mais formas diferentes.
Entretanto, como fugir de um assunto que toma 24h/dia do meu pensamento?
Prefiro então ser uma reprise, uma edição revisada e ampliada do que já se
fez do que escrever sobre o que eu não tenho base. Ao fundo ouço Milton
Nascimento cantando para mim "You say goodbye, I say hello" e sua voz de
anjo me faz sentir melhor, mais leve, menos vazia. Deveria ser o contrário,
mas é assim. Vazio. O vazio que ocupa lugar. Este companheiro de tantas
horas é o mais pesado dos fardos e não consigo conhecer alguém que o
suporte. Existem aqueles que não o notam e pensam que é felicidade viver
para si mesmo, livre, solto. Mas porque ninguém fala deste vazio que
sentimos? Sim, eu digo "sentimos" porque é um sentimento gigantesco e geral,
que nos espreita o dia inteiro e então, quando voltamos para casa no final
do dia, sentamos sozinhos em um cômodo silencioso e soltamos um suspiro, ele
surge. Abraça-nos fortemente, ocupa simplesmente todo o corpo e surge um
mal-estar tão grande, mas tão grande que um grande palácio torna-se a menor
das gaiolas e o menor dos apartamentos transforma-se numa masmorra
gigantesca sem saídas. É uma vontade de não-sei-o-quê, uma dispnéia ao menor
esforço, uma ânsia de se encher com doces e sanduíches e de correr a casa
inteira. Os sintomas seguintes são sempre os mesmos: medo, tristeza e toda
agenda telefônica é repassada atrás de alguém que queira dispensar um pouco
de atenção. E os ponteiros do relógio se arrastam. Depois de 2 ou 3
telefonemas cheios de reticências e "fala-mais-alguma-coisa", finalmente não
há mais como se fugir dele. O vazio simplesmente reside na alma e perguntas
vertem, não raramente com lágrimas. Por que a minha vida é desse jeito? Por
que eu não consigo fazer nada para mudar isso? Por que não tenho força de
vontade para seguir mantendo os meus projetos? Por que Quem eu amo não pode
(ou não quer) estar comigo? Por que eu não consigo deixar de amá-lo? Por
que eu não tenho direito de escolher de quem eu gosto? Por que eu sinto este
vazio? Estas são apenas algumas das perguntas que nos fazemos e nunca, mas
nunca mesmo, há alguém para respondê-las. Quando então, estamos exaustos
desta sessão de auto-conhecimento-destruição, tentamos dormir, repetindo
para si mesmo aquelas frases ridículas de auto-ajuda que aquela amiga nos
ensinou. Nos dias seguintes, fazemos as mesmas coisas e, cada vez mais,
tentamos encher o nosso dia com atividades e compromissos para passar cada
vez menos tempo sozinhos. Pode parecer que me refiro aqui somente a
adolescentes ansiosos, mulheres e homens que vivem sozinhos, porém este
grupo de solitários é muito maior do que se pensa. São esposas infelizes sem
perspectivas, são maridos de saco-cheio da rotina casa-trabalho-bar, entre
outros casos.
Gostaria de poder ajudar algumas destas pessoas, e olha que eu tento.
Passo os dias rolando pela cidade, atrás de papéis e compromissos e ouço
falar sempre das mesmas coisas. São preocupações diárias e pertinentes como
contas, saúde, trabalho e relacionamentos. Acho tudo isto vital e,
sinceramente, penso que é isto que dá sentido à vida: a continuidade da
espéciae, a sobrevivência. O que me aborrece profundamente são assuntos
como globalização, "chats", namoro virtual, superespecialização,
individualização. Socorro! Ora... foda-se tudo isso! Será que alguém
consegue enxergar??? Todos nós estamos vivendo uma crise de carência afetiva
crônica! Não me refiro a este pequeno vilarejo que é Porto Alegre, falo de
todos nós, falo do mundo. Uma visível apatia toma conta dos ânimos. Pessoas
cada vez menos se vêem, e quando eu falo ver, estou falando a respeito de
encontros mesmo; se abraçam menos, sorriem menos, se beijam menos. Por mais
que isto lhe pareça piegas, me entristecem estes fatos. Que fim levaram os
encontros diários de amigos com todos aqueles abraços? Onde estão aquelas
discussões fervorosas, com direito a tapas na mesa? Até mesmo os trabalhos
acadêmicos em grupo... antes animados com lanches e fofocas? Todos estão
mais entocados dentro de casa, mais egoístas, mais EU e menos NÓS, trocando
mensagens quando estritamente necessário, vivendo nas células vitais de seus
aptos. Recuso-me a aceitar este tipo de comportamento tacanha e murrinha.
Exijo o retorno dos velhos hábitos. Acredito piamente que as pessoas que
vivem melhor são aquelas que mais beijam, mais abraçam e mais discutem
também; são aquelas que conhecem sua família, amigos e paixões pelo passo,
pelo cheiro, pela maciez das mãos e pela força dos braços (e tudo isso
fisicamente falando) e não pelo "nickname", pelo telefone e outras formas
mais impessoais.
Seja como for, o sentimento de solidão está generalizado e cada um têm
muito de culpa por seu próprio enclausuramento. Buscar respostas que nós já
sabemos, mas continuamos a negar é estupidez. O apoio de livretos e frases é
ilusório e temporário como uma hipnose. É como me disseram uma vez: a vida é
um fio de cabelo liso, a gente é que fica fazendo voltas. Tornar-se útil,
humano e passional, este é o único caminho que EU conheço. Do resto nada
sei.

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5. PS: As férias estavam ótimas! Me proporcionaram acesso a especiarias como
carne de marreco e piava fresquinha assada! O encerramento não podia ser
mais ridículo: Festa do Ridículo no Clube Centenário na minha cidade Natal,
Agudo. Estava muito bom! Deu pra namorar bastante também! Ah! E tocar muita
guitarra! Agora, é pegar no batente novamente. Mão na massa e cabeça nos
livros, pois o conhecimento não pára de crescer e a minha sede também não!

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SE VOCÊ NÃO QUISER MAIS RECEBER ESTE E-ZINE, MANDE UM MAIL PARA
superjazz7@terra.com.br DIZENDO CHEGA!!!
(A PROPÓSITO: SE QUISERES DEIXAR DE ASSINAR O "Simplicíssimo", ESPERE, POIS
A PRÓXIMA
EDIÇÃO VAI ESTAR ÓTIMA!)

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RECEBA,
ENVIE UM MAIL PARA O MESMO ENDEREÇO ACIMA INFORMANDO O E-MAIL DE SEU
AMIGO(A).

ESTAMOS ESPERANDO SUAS PARTICIPAÇÕES! CONVIDEM AMIGOS LITERATOS OU AFINS A
PARTICIPAREM DESSA ORGIA LITERÁRIA. DIVULGUEM, ESPALHEM O JORNALZINHO. SE
ELE
AINDA NÃO ESTÁ DO JEITO QUE VOCÊ QUER, É PORQUE VOCÊ NÃO ESTÁ PARTICIPANDO
O SUFICIENTE.

O "Simplicíssimo" É UM ESPAÇO ABERTO, É REALMENTE "VOCÊ DONO DE UM JORNAL...
...VIRTUAL" COMO OUSARAM DIZER UNS E OUTROS... PENSE NESTE FANZINE COMO UM
BOM PEDAÇO DE ARGILA QUE PODES MOLDAR AO SEU BEL PRAZER. ENTÃO VENHA: META A
MÃO NO BARRO E VAMOS BRINCAR DE FAZER ARTE, DE CRIAR E ESPALHAR NOSSAS
CRIAÇÕES.

LEMBRANDO: "Vale qualquer coisa em se tratando de prosa, poesia, contos,
crônicas, divagações, teorias, letras de música, receitas culinárias,
reproduções de pedaços da lista telefônica, extratos bancários, excertos de
livros que te chamaram atenção, citações, resenhas, resultados de pesquisas
científicas, teses de mestrado, doutorado, pós-doutorado ou
pós-pós-doutorado, opiniões, sugestões, insultos e ofensas, redações e
composições do tempo da infância, etc., ou seja, qualquer forma de expressão
cultural na forma escrita que possa ser reproduzida nestas páginas.
Ressalta-se que, preferencialmente sejam enviadas em formato .txt (pois
ocupa menos espaço). Caso seja enviado em .doc ou .htm, podem haver perdas
significativas na formatação."

AO ENCAMINHAR UM ESCRITO, MANDE TAMBÉM SEU NOME OU PSEUDÔNIMO E UMA BREVE
(OU EXTENSA) APRESENTAÇÃO DE SUA PESSOA (IDADE, O QUE FAZ DA VIDA, E TE CÉ TERÁ)

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___________________________ fim!

Atualmente o Simplicíssimo conta com [34] assinantes

Rafael Reinehr 6:36 da tarde

Simplicíssimo - Jornal Virtual de peridiocidade semanal (ou quase)
01/11/2002 - Edição número 1 - Editora SuperJazz7 - The Brains Corp.

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HÍNDISÇI

1. Editorial..................................................Rafael Luiz
Reinehr
2. Quando dá aquela vontade.........................................Rafael
Luiz Reinehr
3. Balde de Tinta...................................Evelise Birck Rodrigues
4. O Estudo da Música com o Metrônomo..............................Fabiano
F.C
5. A Era de Aquarius está aí, acreditemos ou não!.....................Rafael
Luiz Reinehr
6.PS:.........................................................................
..Rafael Luiz Reinehr

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1. Editorial

Estamos aqui, na virada do milênio (pelo menos para quem usa
o calendário gregoriano!) para introduzir um novo "fanzine" em meio a tantos
já existentes em todos cantos desse nosso amado planeta.
Não sei se fanzine é o melhor rótulo a ser dado a este
"jornalzinho", a esta "gazeta", a este "informativo", ou como quer que o
chamemos. O que importa mesmo é que o Simplicíssimo veio trazer muita
cultura para aquelas cabeças atingidas pelo seu estímulo.
Começando hoje, e a cada 2 semanas, o jornal vai trazer
artigos sobre música, filosofia, política, cinema, economia, ética,
medicina, física, literatura, religião, culinária, esportes e sobre tudo
aquilo que nossos colunistas quiserem.
Aí chegamos em um aspecto interessante deste zine: a
participação do leitor é bem-vinda a qualquer momento, não só para criticar
e dar sugestões mas também para fazer o jornal. Artigos originais escritos
por qualquer um podem vir a ser publicados, basta enviá-los por e-mail para
superjazz7@terra.com.br
Como todo meio de comunicação que se preza, o Simplicíssimo
não toma partido em nenhum assunto, estando sempre em cima do muro,
respeitando assim a liberdade individual de cada um de seus colaboradores,
que têm a inteira responsabilidade pelos artigos aqui publicados.
Nessa primeira (e histórica) edição temos alguns artigos
redigidos originalmente com o intuito de serem publicados em um fanzine
virtual chamado "Joe Volume", que não deslanchou, sendo então gentilmente
cedidos para o Simplicíssimo.
O primeiro artigo, "Quando dá aquela vontade..." , fala
sobre o desejo que alguns de nós às vezes têm de registrar as coisas, e a
ajuda que a criatividade dá para enfeitarmos nossos escritos. Já em "Balde
de Tinta" temos um estímulo à reflexão: nem sempre coisas desagradáveis que
nos acontecem são propositais; façamos o melhor possível. No terceiro
artigo, "O Estudo da música com o metrônomo", é feita uma viagem psicodélica
sobre metrônomos, mutantes, Nélson Gonçalves, Lobão, Herbert Vianna e o
empréstimo modal. Só lendo pra crer! Acabamos nossa primeira jornada com uma rápida reflexão sobre o significado do momento em que vivemos e algumas
perspectivas para as próximas edições do Simplicíssimo.
Espero sinceramente que algumas pessoas se interessem por
esta humilde publicação, e passem de leitores a colaboradores ativos,
fazendo deste fanzine um retrato daquilo que pensam e sentem.
Um grande abraço a todos e muita felicidade neste novo milênio!

Rafael Luiz Reinehr – Editor

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2. Quando dá aquela vontade...
Rafael Luiz Reinehr

Só de ler o título, podemos imaginar uma porção de coisas:
quando dá aquela vontade de beijar alguém, quando dá aquela vontade de
encher alguém de porrada, quando dá aquela vontade de ir ao banheiro, quando
dá aquela vontade de tirar toda a roupa daquela pessoa, quando dá aquela
vontade de não fazer nada, enfim, quando dá aquela vontade de fazer (ou não)
alguma coisa qualquer. Mas não foi por causa de nenhuma dessas vontades que
eu resolvi escrever. Simplesmente resolvi escrever por que me deu aquela
vontade...
Bem, aqui estou eu... A esta altura você, que continua
lendo, já deve estar esbravejando e se perguntando onde é que essa conversa
toda vai levar. Olha, eu ainda não sei, mas de repente ainda sai algo de
bom. Continue lendo!
Na verdade, agora são 23:54 de um sábado chuvoso e eu estou
sozinho aqui em casa e, ao invés de olhar um filme na TV, estudar ou mesmo
dormir, resolvi escrever. Há alguns dias, essa vontade tem crescido
enormemente. Em vários momentos me pego pensando em algumas coisas, algumas
úteis, outras nem tanto, algumas criativas e que merecem ser registradas (a
minoria delas) e outras simples reflexões pessoais para uso particular mas
que, por algum motivo, quero deixar gravadas em algum lugar.
Não foi o que aconteceu dessa vez. Agora há pouco, o que se
sucedeu é que uma vontade de escrever surgiu do nada, sem haver um assunto
sobre o qual falar ou um motivo identificável para tanto. No mesmo instante
realizei (do inglês "to realize") que poderia escrever justamente sobre
isso: a vontade de escrever sem mesmo saber o porquê!
Nossa! E não é que funciona? Eu estou escrevendo
praticamente sem parar. Cada vez que eu termino uma sentença, já vem outra
em minha cabeça. Será que a falta de assunto é um estímulo à nossa
inteligência? Nããã...
Essa coisa de escrever é ao menos interessante. Quem já teve
uma espécie de diário, sabe como é bom reler coisas escritas há meses ou
anos atrás. Claro que às vezes isso nos faz lembrar de coisas que não
gostamos, mas sempre aprendemos com isso. Mas a maior parte das coisas
geralmente são acontecimentos e lembranças boas, que conseguimos reviver em
parte ao lermos aquelas memórias. Têm aqueles que têm mania de levar junto
consigo um bloquinho ou um caderninho de anotações para anotarem idéias que
lhes vêm à telha nos mais variados momentos. Assim não deixam escapar
momentos raros de genialidade, passando tudo para o papel, desenvolvendo
mais tarde suas idéias. Eu mesmo já pensei em fazer isso. Quem sabe eu
comece em breve...
Bem, acho que a criatividade acabou... Vou pegar uma água
para ver se ela volta...
Caso você tenha continuado a leitura e chegado até aqui,
parabéns! Caso não... ...bem, não interessa, posso dizer os palavrões que
quiser que você não os terá lido mesmo, he-he-he! Gostaria que me
respondessem algo: será que escrever o que se pensa nos ajuda a resolver
nossos problemas? Será que a solução se torna mais clara depois de
avistarmos em um papel aquilo que nos aflige? E será que além de escrevermos
as perguntas, devemos escrever também as respostas antes de pô-las em
prática? Faça essa experiência: escreva suas dúvidas e as possíveis
respostas e veja se isso lhe ajuda de alguma forma. Depois me conte.
É. É isso aí! Chega um momento, finalmente, em que chega
aquela vontade de parar de escrever. Dá aquela vontade de ir dormir... Isso
me aconteceu agora. Estou indo. Mas a gente se vê por aí. Ou não. Fiquem
bem, e se cuidem. Tudo de bom. Tchau.

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3. BALDE DE TINTA
Evelise Birck Rodrigues


E de todas as coisas que se faz, a mais importante de todas
é a que se está fazendo no momento. Nada é tão importante como comer, quando se está com fome; nada é tão essencial quanto dormir, quando se está
cansado. É preciso fazer o presente momento com tanta perfeição que, quando
olharmos para trás, termos a certeza de ser ter feito o melhor possível.
Muitas vezes nos dedicamos à uma obra, se gasta tempo, esmero e talento, e
quando tudo parece encerrado, e tudo está como queríamos, acontece algum
imprevisto e, como uma tempestade, desmoronam todos os nossos castelos num
piscar de olhos. Não é culpa de ninguém, simplesmente acontece. E não é uma,
nem duas vezes que isso acontece... tantas e tantas.
Agora mesmo acabei de gastar a minha manhã de segunda feira
pintando um cartaz de 3,5 x 1,2m, que havia ficado uma beleza. Do além,
surgiu um colega que, entrando estabanado na sala, chutou, sem querer, um
pote de tinta aberto que estava perto da faixa. Não preciso explicar o que
aconteceu, vocês imaginam. No momento senti uma angústia imensa de pular no pescoço do rapaz e para enchê-lo de tapas, mas seu semblante apavorado não permitia.
Sentiu-se tão mal e desculpou-se tantas vezes o quanto pôde.
A culpa não era dele, apenas estava distraído e de maneira alguma imaginaria
tal pote de tinta no seu caminho. Poderia ter-lhe dito para que olhasse por
onde andava, mas quem de nós olha. Preferi ficar calada. Observando o novo
tom de arte moderna da minha obra-prima. Olhei tanto que chegou a doer, mas
a culpa era minha. Enquanto os rapazes faziam um remendo no borrão para
consertar, eu catatônica sentada no chão. Não havia feito o meu melhor e
estava me sentindo mal por isso. Era meu dever ter fechado aquele maldito
pote e mantê-lo afastado do cartaz, mas... que raiva eu senti naquele
momento, raiva própria. Comecei meu auto-aprendizado.
Alguns que leiam este texto, (se é que alguém vai ler) podem
achar um assunto banal escrever sobre um singelo borrão de tinta. Não tiro a
razão de ninguém. Sofremos do mal de esperar a gota d'água para entornar o
copo. Para mim, serviu como esta gota. Espero que este texto seja a gota
para alguém.
Façamos o nosso melhor possível.

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4. O Estudo da Música com o Metrônomo
Fabiano F. C.

O uso do metrônomo é importante para aqueles que desejam
obter um estudo que confira qualidade à sua música. Certamente, com esse
uso, é preciso muita disciplina, pois é difícil ter paciência para se
submeter a ficar minutos ou horas tocando o seu instrumento exatamente na
cadência determinada por aquele pequeno relógio.
Os Mutantes foram a primeira banda de Rock psicodélico do
Brasil. Entre as suas músicas está a patética "Chão de Estrelas", à qual
eles fazem uma sátira àqueles cantores da Velha Guarda estilo Nélson
Gonçalves ou Sílvio Caldas.
Nélson Gonçalves foi um cantor que passou por uma barra
pois teve um tempo que era viciado em cocaína. Nos anos 90, tocou com Lobão
Lobão também foi outro cantor viciado em cocaína. No tempo
em que passou na prisão, ele distribuía barbitúricos entre os presos para
tentar tirá-los do vício. Na década de 80, Lobão era tido como subversivo,
um "líder da resistência contra a ordem estabelecida". O próprio Lobão
conta que na época se fez muito alarde em torno de seu nome, e que a sua
pessoa não tinha tanto poder assim. Enfim, o que importa é saber que Lobão
hoje em dia não emplaca mais sucessos do calibre de pérolas da MPB como Vida
Bandida, Girassóis da Noite, Chorando no Campo, Me Chama, Por Tudo o que
For, entre outras.
Por falar em Chorando no Campo, é interessante observar que
a harmonia de sua música é semelhante à harmonia de "Vida de Cachorro", dos
Mutantes, tocada com violão de corda de aço.
A música Ska de Herbert Vianna sem dúvida é uma bela música;
é mais uma das quais Vianna usa e abusa dos pedais de efeito tipo "chorus"
de sua guitarra...
O efeito "chorus" é um bonito efeito para guitarra. Seu
princípio baseia-se na duplicação de uma nota com outra nota igual à
primeira mas com a freqüência levemente alterada, dando uma textura
"espacial" ao som.
A harmonia de Ska é a seguinte: Am - Dm - B - E . Na hora
do refrão, é que vem a "surpresa": a harmonia muda para C#m7/4 - C7+/4 -
Bm - E, mudando o tom da música de lá menor para lá maior, o que inclusive
se chama na música de "empréstimo modal".
O empréstimo modal é quando tu pegas um tom da música que é
maior e muda para o mesmo tom só que menor, ou vice-versa. Por exemplo, se o
tom da música está em Si menor, ele passará a ser Si maior. No empréstimo
modal, há alteração de 3 notas da escala: a terça, a sexta e a sétima, que
sobem meio tom na passagem de menor para maior e descem meio tom na passagem
de maior para menor.
E lembre-se: dia 4 de julho é o Dia do Cooperativismo.

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5. A Era de Aquarius está aí, acreditemos ou não!
Rafael Luiz Reinehr


Não sei de onde ouvi, há mais de 10 anos atrás que na
passagem para o terceiro milênio iniciaria a "Era de Aquarius", e que nesse
período histórico/místico ocorreria uma grande revolução universal e que em
nosso planeta sobreviria um tempo de compreensão, solidariedade,
entendimento felicidade e amor, caracterizando a "Era do Humanismo".
Quer acreditemos ou não nessa "previsão", temos que
concordar que, da forma que as coisas estão hoje em dia, na dá pra agüentar
por muito mais tempo. Vivemos em um Mundo extremamente individualista, onde a busca pelo poder, quer seja no nível familiar ou mesmo no nível global
tomou conta da grande massa. O consumismo nunca esteve tão em voga. A
Ganância atingiu seu ápice. 2500 anos após a Aurora da Civilização Ocidental
na Grécia Clássica, essa mesma civilização ocidental que havia mostrado
gradualmente caminhos para o desenvolvimento e o progresso da sociedade
humana, passou, principalmente nos últimos duzentos anos e, de forma
acelerada neste século, a mostrar também caminhos assustadores, que podem
levar inclusive à extinção da raça humana neste planeta. A bomba atômica, a
camada de ozônio, o superaquecimento global, a poluição derivada do petróleo
e a perigosíssima poluição nuclear são todos frutos do desenvolvimento
irracional e irresponsável da nossa civilização, colocando em risco vidas
sobre as quais não temos direito de interferir, vidas que estão sobre esse
planeta muito antes de existirmos. Como disse uma vez o paleontólogo Stephen
Jay Gould, em relação à vida neste planeta: "As bactérias estão sobre a face
da terra há pelo menos 3.500.000 anos; porque se preocupariam com uma
espécie insignificante que nem completou 200.000 anos de existência?". Isso
faz pensar...
Desde que passamos a existir, vivemos com a sensação que
somos os verdadeiros, legítimos e únicos donos desse planeta, e realmente
agimos assim, passando por cima da natureza como se ela estivesse totalmente
a nosso dispor. No início, enquanto dela tirávamos apenas nossa
subsistência, o relacionamento era bom. Quando passamos a querer subjugá-la,
sem entender seus mecanismos básicos de funcionamento e o seu motivo de ser,
ela começou a demonstrar sinais de irritação, que todos estamos sentindo nos
dias de hoje.
Além dos problemas de relacionamento com a Natureza, temos
outro problema talvez tão grave quanto esse para resolver: nosso
relacionamento com nossos semelhantes. Mesmo que essa coisa de Aquarius seja bobagem, não deixemos que a idéia que ela traz seja esquecida. Parafraseando o título de um livro, ainda a ser publicado, que diz respeito a essa mania de livros de auto-ajuda: "Pare de se auto-ajudar - E ajude aos outros".
Deixemos bastante de nosso individualismo de lado. Tenho a plena certeza de
que todas as coisas boas que fazemos acabam refletindo e voltando para nós
(assim como as coisas ruins). A física quântica explica isso:
interdependência, manja?
Bem, muito mais pode (e vai!) ser dito sobre esse assunto.
Finda uma fase da nossa existência na Terra, vamos encarar de frente os
desafios que nos esperam. Espero, com mais inteligência e prudência, sem
pressa, pois, se o tempo realmente é infinito, temos tempo de sobra...

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"Todos têm um propósito de vida... Um dom singular ou um talento único para
dar aos outros. E quando misturamos esse talento singular com benefícios aos
outros experimentamos o êxtase da exultação de nosso próprio espírito, entre
todos, o supremo objetivo..."

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6. PS: A Feira do Livro começou hoje. Compareçam e devorem cultura. Jóias
raras como "Ulisses" de James Joyce, traduzido pelo Houaiss; "A Estrutura
das Revoluções Científicas" de Thomas Kuhn; "A Crise do Nosso Tempo", de
Pitirim Sorokin; "História das Idéias e Movimentos Anarquistas" - volumes 1
e 2, de George Woodcock e "Textos Anarquistas" de Michel Alexandrovich
Bakunin; "O Discurso Filosófico da Modernidade", de Jürgen Habermas;
"Análise do Caráter" e "Escute, Zé-Ninguém!", de Wilhelm Reich; "Três Filhas
da Mãe", de Pierre Louÿs; "O Método" - volumes 1 a 5, de Edgar Morin, assim
como "A Cabeça Bem-Feita" e outros livros do autor; "Além do Bem e do Mal -
Prelúdio a uma Filosofia do Futuro", "Genealogia da Moral - Uma Polêmica" e
"Ecce Homo - Como Alguém se Torna o que é", de Friederich Nietzsche;
"Microfísica do Poder" e "A Arqueologia do Saber", de Michel Foulcault, além
de outros tantos que vi mas não comprei, pois ao contrário do olho, o
dinheiro é limitado. Descontos de 10 a 20% estão sendo praticados.
Aproveitem o fim de tarde para um passeiozinho relaxante e quem sabe um
lanchinho ali nas redondezas. Coisa boa essa época em Porto Alegre!!!

((((( Bem, estou saindo de férias por 15 dias, então não sei se terei
acesso à Internet, por isso creio que a próxima edição só na terceira semana
de novembro. )))))

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SE VOCÊ NÃO QUISER MAIS RECEBER ESTE E-ZINE, MANDE UM MAIL PARA
superjazz7@terra.com.br DIZENDO CHEGA!!!
SE, PELO CONTRÁRIO, VOCÊ QUER INDICAR UM AMIGO(A) PARA QUE ESTE TAMBÉM O
RECEBA, ENVIE UM MAIL PARA O MESMO ENDEREÇO ACIMA INFORMANDO O E-MAIL DE SEU
AMIGO(A).
PARTICIPEM!!! ESCREVAM!!! MANDEM TEXTOS, TEXTÍCULOS OU TEXTÕES!!!!!!! NÃO
BASTA SER PAI (OU MÃE), TEM QUE PARTICIPAR!!!!!

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-------------------FIM!

Rafael Reinehr 6:34 da tarde

sexta-feira, março 07, 2003

Simplicíssimo - Jornal virtual de peridiocidade (bi)hebdomadária
25/10/2002 - Edição número Zero - Editora SuperJazz7 - The Brains Corp.

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Carta Aberta ao Futuro Excelentíssimo Presidente da República


O que eu quero e o que meus filhos querem


Excelentíssimo Senhor Presidente:

Como cidadão brasileiro e habitante deste planeta, quero, em
primeiro lugar, garantir a permanência da raça humana em seu habitat
natural. Para tanto, quero que seja implementada uma política de
substituição progressiva da energia fóssil e nuclear em favor de energias
baseadas em tecnologias já amplamente estudadas e com segurança bem
estabelecida, como energia eólica e solar, além do melhor aproveitamento da
energia hidráulica onde isso for possível (tendência a ser mundialmente
seguida com a aproximação do fim estimado dos combustíveis fósseis nos
próximos 300 anos). Em um momento inicial, podemos utilizar mais amplamente motorização a álcool em nossos automóveis, com o objetivo de diminuir nossa extrema dependência do petróleo internacional (com plano de posterior redução também desta forma de energia poluente).
Em segundo lugar, quero que nossas indústrias sigam à risca o
Tratado de Kyoto - dando exemplo a ser seguido por outros, que acham que são o exemplo da Humanidade, mesmo que isso custe um menor desenvolvimento econômico - , preferencialmente ultrapassando em muito os objetivos de diminuir a carga tóxica que soltamos diariamente na atmosfera.
Ainda, para garantir a preservação das espécies existentes,
gostaria que fossem implementados amplos programas de fiscalização da fauna e flora regionais, sendo os desmatamentos coibidos mais rigidamente, assim como a caça e a pesca irregulares, em época de reprodução. Somado a isso, creio ser importante um programa nacional de conscientização e educação iniciando nas escolas mas abrangendo também a população adulta, para que a mesma torne-se também uma "fiscal ecológica". Não sujar as ruas já é um bom começo e sinal de civilidade, pois demonstra preocupação com os outros e com o ambiente.
Quero também que dois aspectos importantíssimos para a Saúde de uma Nação sejam levados em conta: a Educação do Povo e sua Saúde Individual e Coletiva.
Bem educar significa oferta Universal e Integral do ensino, desde
os fundamentos até as ferramentas mais complexas que garantam a vida na
nossa sociedade atual além de prover as idéias para a construção de um
porvir sempre melhor. Para tanto, é necessária uma reforma educacional em
suas bases, mudando o vetor de uma educação que vise tão somente empurrar conhecimento adquirido para uma outra que respeite mais as capacidades e habilidades individuais dos alunos, levando em conta não somente transmissão de conhecimento teórico mas também desenvolvimento artístico, cinestésico, espacial e de inteligências intra e interpessoais (tão carentes nos dias de hoje e em parte responsáveis por sintomas da convulsão social atual no que diz respeito à violência e ao uso de drogas).
No que diz respeito à saúde individual, quero realmente ter acesso
integral a métodos diagnósticos e opções terapêuticas, oferecidos por
profissionais capacitados, como me garante a Constituição. Enquanto essa
tarefa - difícil e distante - não for passível de realização, quero que
sejam implementadas campanhas em todo país que visem informar a população sobre como melhor cuidar de sua saúde, de sua nutrição e sobre como manter hábitos saudáveis de vida. Quero que isso seja feito com mais ênfase e paixão do que jamais foi feito, pois todos temos o direito de nos cuidar e a nossos filhos.
Programas de vacinação, oferta de alimentos e suplemento de
nutrientes para populações carentes, além de medicações para enfermos devem ser ampliadas e mantidas.
A falta de segurança que reina e se amplia cada vez mais é, em
parte, decorrência da carência de educação adequada, má estrutura familiar e falta de oportunidades dignas (emprego, espaço). Punição insuficiente ou
ausente é tão somente um reforço tardio para mais violência. Devemos então,
nos centrar na resolução dos problemas acima, garantindo uma educação
apropriada, que garanta o desenvolvimento cognitivo e emocional adequados da criança ( "Eduquem as crianças e não será preciso punir os homens"),
inserida em uma família estruturada e participante, auxiliada e motivada
durante seu desenvolvimento por estímulos variados e com a perspectiva de um lugar na "Sociedade Oficial" que efetivamente lhe aceita, para então esperar a decadência desta Era de Violência como uma tendência natural.
Quero que essa mesma educação remodelada e condições de vida
condigna sejam oferecidas aos nossos policiais, para que os mesmos não se
tornem excessivamente violentos, nem sejam coniventes ou mesmo participantes de delitos como vez ou outra se tem notícia.
Quero, e meus filhos também querem, ter acesso a atividades de
lazer e cultura, sem que isso tenha um ônus que não possa suportar.
Quero, e meus filhos também assim o querem, oportunidades iguais,
que não privilegiem raça ou cor, credo ou religião, status sócio-econômico
ou ligações político-partidárias corporativistas.
Quero, e meus filhos também querem, que sempre que houver dúvida
em casos de querela, que o conflito de interesses seja resolvido rapidamente
por uma justiça imparcial e, portanto, justa, buscando sempre o melhor para
ambas partes, não importando qual posição social ou econômica as mesmas
pertençam.
Quero que meu povo acorde, participe de uma Organização
Não-Governamental ou crie uma, engaje-se e auxilie a quem precisa, que meu
povo dê as mãos e faça a Revolução, que virá de baixo sim, mas sem armas mas sim com Altruísmo e Amor.
Quero, em última instância, a felicidade que por muito tempo me foi
negada, e aos meus filhos, pois mesmo com o fruto de imenso trabalho, muito
suor e dedicação, não alcançamos a condição de gozar daquilo que tentamos
construir, enquanto outros, com o meu esforço, têm vidas fáceis, dignas e
descompromissadas socialmente, mesmo com condições de ajudarem seus
semelhantes.
Por último, quero desde já agradecer ao esforço que, pleno de
esperança, sei que será realizado para tentar atender ao meu pedido e de
meus filhos, que são também seus filhos, Pátria amada, Brasil.

Rafael Luiz Reinehr
24/10/2002

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______________________________FIM!

Rafael Reinehr 9:15 da tarde

Dia Zero. Este Blog tem como objetivo o armazenamento das edições de textos e jornais virtuais escritos por mim e por amigos interessados em simplesmente escrever. Pessoas que lêem, que acham que podem, com suas palavras-ações, mudar o ambiente em que vivem. Pessoas que estão sempre aprendendo e vão continuar assim pelo resto de suas vidas. Não vão se entregar para o cansaço ou para o tempo. Este Blog é também um convite, para que você leitor, inicie esta viagem sem fim pelo mundo da cultura e do conhecimento, maiores verdades e ilusões de nossa tangível realidade.

O e-zine que edito por ora chama-se Simplicíssimo, e passarei a publicá-lo neste endereço, semanalmente (excetuando-se as primeiras 15 edições, que publicarei diariamente). Grande abraço a todos e algodões-doces para todos!

Rafael Luiz Reinehr
Rafael Reinehr 9:15 da tarde


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