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sexta-feira, abril 04, 2003
Simplicíssimo - Jornal Virtual de peridiocidade "toda sexta-feira, faça
chuva ou faça sol"
04/04/2003 - Edição número 17 - Editora SuperJazz7 - The Brains Corp.
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Edição de luto
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1.
Editorial.............................................................Rafael
Luiz Reinehr
2. A Ciência como processo de produção do
conhecimento*................Rafael Luiz Reinehr
3. Espaço místico - Sobre vedanta.....................encaminhado por Daiana
da SIlva
4. A Cartilha do Simplicíssimo (em 19 lições)..................Rafael Luiz
Reinehr
5. Escrever por Escrever XIII
(excertos).....................................Rafael Luiz Reinehr
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1. Editorial
O título desta edição não poderia ser outro. Luto pelas dezenas de
famílias que já perderam filhos, cônjuges, pais, primos, tios, avós, netos e
o escambau nessa guerra idiota. Mas, no meu caso, refiro-me ao luto pela
perda de minha avó paterna, hoje à tarde, às 14:10. Meus avós já havia
perdido antes. Meu avô paterno logo após nascer, nem havia completado um ano
de idade. não senti nada, pois nem entendia o mundo ainda. Meu avô materno
perdi com dez anos de idade. Lembro que sofri bastante naquela ocasião, pois
esse meu avô era muito presente para mim. Foi ele quem me deu a primeira
mesada. Era ele quem enxugava minha cabeça delicadamente quando saía do
banho, nas vezes em que a vó não poderia fazer isso. Era ele quem me levava
para a farmácia do Hospital, na qual trabalhava e me dava bloquinhos de
papel que lhe eram dados pelos representantes de laboratório. Era o chefe da
família. Para ele ninguém dizia não... Tudo funcionava direitinho. Foi pego
pelo vício que lhe era essencial: o cigarro. Faleceu de câncer de pulmão,
após muitas tentativas de tratamento e após muito sofrimento.
Agora foi minha avó paterna. Pessoa vivíssima, sempre alegre e bem
disposta. Trabalhava feito uma louca, que era o que lhe dava prazer.
Acordava cedinho, tomava seu café e lá ia ela para a horta cuidar das
verduras e legumes, do milharal e das mandiocas, onde costumávamos nos
esconder e brincar de "Tá" (tipo de um esconde-esconde com tiros "falados"
que inventamos). Após cuidar dos hortifrutigranjeiros ia cuidar de suas
flores, suas rosas, margaridas e tantas outras que nem sei o nome. Além de
ser sua diversão, também era um negócio que lhe rendia uns troquinhos.
Sempre misturando aquele alemão com o "brasileiro", como dizia. Olhinhos
pequenos, agora estão gigantes, vagando na imensidão desse nosso universo,
fazendo parte novamente, em essência desse Todo Único e Indivisível do qual
todos viemos, no qual estamos e para onde iremos. Acho que essa minha visão
um pouco científica, bastante oriental e também um pouco ainda indefinida de
ver o mundo me deixa tranqüilo quanto à inexorabilidade da morte (para
alguns). Vejo a morte não como fim, e sim como uma religação às origens.
Digo isso sinceramente. Não chorei hoje, e não porque não gostava dela ou
porque sou desalmado ou insensível. Não chorei justamente pela minha
compreensão de como as coisas funcionam (ou como penso que as coisas
funcionam aqui neste plano. Essa é minha religião. Um misto de Burt Reynolds
com Antônio Fagundes, diria o Frank Jorge... Garanto a vocês que também não
vou chorar pela minha morte (pelo menos não em vida!). A vida segue. Ritos
são necessários. Ainda fazem parte do cotidiano de todos nós. O rito do
velório e do enterro, a necessidade de alguns de externar o sofrimento...
Particularmente, pretendo ser cremado e ser enterrado em baixo de uma muda
de sequóia, para que, enquanto ela crescer, crescerei dentro dela; quando
ela estiver adulta, verei o mundo lá de cima. Serei o primeiro a avistar o
novo dia de sol e o primeiro a sentir a gota da chuva que chega. Mesmo após
a morte, segue o sonho, segue a seiva pela selva, e a semente se salva e
floresce, como aliterações sem fim, que cessam.
Preciso de pessoas que escrevam para tocar essa joça de Simplicíssimo.
Fiz umas "estatísticas" e confirmei o que na verdade está escancarado: só eu
escrevo! Talvez se eu tivesse uma ajudinha, poderia escrever mais para
jornais virtuais como o ExpressOpinião
(http://www.expressopiniao.hpg.ig.com.br/ ), legal pra caramba. Vale
conferir.
Se alguém quiser, já tá dito e redito: manda ver que não tem censura! Se
conhecer alguém que escreva, manda pra cá! Falei...
Rafael Luiz Reinehr
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2. A Ciência como processo de produção do conhecimento*
Rafael Luiz Reinehr
A ciência, historicamente, desenvolveu-se sob o prisma de três concepções
diversas: o racionalismo, cujo modelo de racionalidade é a matemática; o
empirismo, baseado na observação e experimentação dos fatos; e o
construtivista, que vê a razão como construto de um conhecimento
aproximativo.
A primeira concepção - racionalista - que se estende desde os gregos até o
século XVII, afirma que a ciência é um conhecimento racional dedutivo e
demonstrativo como matemática, capaz de provar, portanto, a verdade
universal e necessária de seus resultados, sem deixar qualquer dúvida
possível. Dessa forma, as experiências científicas são realizadas apenas
para verificar e confirmar as demonstrações teóricas e não para produzir
conhecimento do objeto, pois este é conhecido somente pelo pensamento.
Já na concepção empirista, que vai desde a medicina grega e Aristóteles até
o século XIX, a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações
e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem
completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e leis de
funcionamento. A teoria, então, deriva da experiência.
Essas duas concepções possuem o mesmo pressuposto: ambas consideram a
teoria como uma explicação verdadeira da realidade, tal como esta é em si
mesma, sendo a ciência uma espécie de ressonância nuclear magnética da
realidade. Diferem porque a concepção racionalista é hipotético-dedutiva,
isto é, define o objeto e suas leis e disso deduz propriedades, efeitos
posteriores, previsões, ou seja, vai do geral para o particular; enquanto
isso, a concepção empirista é hipotético-indutiva, apresentando suposições
sobre o objeto, realizando experimentos e chegando assim às suas
propriedades e formulando leis, efeitos posteriores e previsões, ou seja,
indo do particular para o geral.
No século passado, temos o início da concepção construtivista, que
considera a ciência como uma construção de modelos explicativos da realidade
e não uma representação da própria realidade. Mistura elementos das duas
concepções anteriores: como o racionalista, exige que o método lhe permita
estabelecer axiomas, postulados, definições e deduções sobre o objeto
científico e, como o empirista, exige que a experimetação guie e modifique
axiomas, postulados, demonstrações e definições. No entanto, como considera
o objeto científico uma construção lógico-intelectual e uma construção
experimental feita "em laboratório", o cientista não espera que seu trabalho
apresente a realidade em si mesma, mas ofereça estruturas e modelos de
funcionamento da realidade, explicando os fenômenos observados. Assim, não
espera apresentar uma verdade absoluta e sim uma verdade aproximada que pode
ser corrigida, modificada e abandonada por outra mais adequada.
Mas, antes do surgimento da ciência como explicação para o mundo como o
conhecemos, temos a crença em algum poder além do mundo que habitamos, que é
tão antiga como a raça humana. Dessa crença surgiu, nas fronteiras do que
era conhecido, o reino obscuro do mito e das lendas. Narrativas de deses e
homens de passados remotos, de heróis terrenos cujas proezas cativaram a
imaginação popular, assim como palavras mágicas e histórias folclóricas que
forma transmitidas de geração em geração. É o mundo da imaginação humana,
inventando contos fantásticos e criando, como que por encanto, símbolos para
representar as verdades fundamentais e os mistérios da vida, apaziguando
assim a angústia do ser humano frente ao desconhecido.
Como sabemos, vários foram os motivos pela substituição gradual da visão
mítica do mundo para uma visão cientificista, dentre elas o ressurgimento da
escrita, o surgimento da moeda, o calendário, as navegações e a formulação
das leis escritas. Essa visão científica primeira, que era tanto empírica
como racional perdurou até o fim da Idade Antiga, quando foi substituída no
mundo ocidental, com o domínio do catolicismo e da Igreja Cristã, por um
conjunto de conhecimentos baseado no princípio da autoridade religiosa, em
que a Bíblia era o texto sagrado, de onde todas as verdades deveriam ser
retiradas, e em que o papa era o supremo contato com Deus, representante
deste na Terra. Foi um período onde o conhecimento científico como hoje
conhecemos foi devidamente esmagado pelo poder da Igreja, já que qualquer
novo conhecimento que divergisse das Sagradas Escrituras era considerado
heresia e levava à pronta punição.
No final da Idade Média, tentou-se conciliar a fé com a razão grega,
principalmente com os ensinamentos de Aristóteles, com o auxílio de São
Tomás de Aquino. Antes dele, a razão era considerada um auxiliar para a fé,
jamais podendo opor-se a esta, sendo o dogma a verdade revelada que não
podia moldar-se aos prinípios da razão. Após Tomás de Aquino, concluiu-se
que era possível descobrir a verdade tanto por meio da razão quanto por meio
da fé, sendo que as mesmas são complementares, não antagônicas (o que criou
uma crise teológica). O poder de Deus foi limitado, porque apesar de
"onipotente" era incapaz de contrariar as leis da lógica e criar um "círculo
quadrado", assim como a razão, por sua vez, era incapaz de explicar os
milagres, que só poderiam ser explicados pela fé.
Esse momento crítico preparava o ambiente intelectual que contribuiu para a
ascensão do humanismo e das idéias renascentistas, que trariam de volta a
ciência e a filosofia como representantes maiores da produção do
conhecimento. Separou-se definitivamente os teólogos que passaram a debater
apenas as verdades ditas religiosas dos filósofos e cientistas, que tentam
compreender o nosso mundo físico, baseando-se na lógica em sua procura de
conhecimento e certeza.
Dessa forma, podemos resumir e exemplificar essa ruptura provocada pela
ciência pelos seguintes aspectos:
1. Ao contrário do cosmo medieval cristão, que não apenas foi criado, mas
era contínua e diretamente criado por um Deus que exercia sua onipotência, o
Universo moderno era um fenômeno impessoal, regido por leis regulares
naturais e compreensíveis em termos exclusivamente físicos e matemáticos.
2. A dualista ênfase cristã na supremacia do espiritual e transcedental
sobre o material e concreto agora se invertia: o mundo físico passa a ser o
foco predominante da atividade humana.
3. A Ciência substitui a Religião como autoridade intelectual proeminente,
sendo agora definidora, juíza e guardião da visão cultural do mundo. A Razão
e a observação empírica substituem a doutrina teológica e a revelação das
Escrituras como principal meio para a compreensão do Universo.
4. Em relação ao panorama da Grécia clássica, o Universo moderno possui uma
ordem intrínseca, embora não emanando de uma inteligência cósmica em que o
espírito humano participasse diretamente, mas sim uma ordem empiricamente
derivada dos padrões materiais da natureza por meio dos próprios recursos da
mente humana.
5. Ao contrário da ênfase grega implícita na diversidade dos métodos de
cognição, a ordem das coisas passou a ser compreensível somente através das
faculdades racionais e empíricas do homem.
6. A cosmologia da era clássica havia sido geocêntrica, finita e
hierárquica; a cosmologia medieval mantivera essa mesma estrutura geral,
reinterpretada segundo o simbolismo cristão; mas a cosmologia pós-científica
moderna postulava uma Terra planetária num espaço neutro infinito,
eliminando totalmente a tradicional dicotomia celestial-terrestre. Os corpos
celestes movimentavam-se agora pelas mesmas forças naturais e mecânicas e se
compunham das mesmas substâncias materiais encontradas na Terra.
7. Com a integração da teoria da evolução (Darwin), agora se compreendia que
a Natureza, a origem do homem e a dinâmica das transformações só poderiam
ser atribuídas a causas naturais e a processos empiricamente observáveis;
agora era menos certo que o homem vinha de Deus do que de formas inferiores
de primatas
8. Finalmente, ao contrário da visão de mundo cristã medieval, a
independência - intelectual, psicológica e espiritual - do homem moderno
estava radicalmente afirmada; o homem passou a ter o direito à autonomia
existencial e expressão individual.
A visão de mundo da Grécia clássica enfatizara o objetivo da atividade
intelectual e espiritual como a essencial unificação do Homem ao Cosmo e sua
inteligência divina; a meta cristã era reunir o Homem e o mundo com Deus -
mas o objetivo da modernidade científica era criar a maior liberdade
possível para o Homem em relação à Natureza, às estruturas opressivas
econômicas, sociais ou políticas, em relação às crenças repressoras
metafísicas ou religiosas, à Igreja, ao Deus judaico-cristão, ao Cosmo
aristotélico-cristão estático e finito, ao escolasticismo medieval, às
antigas autoridades gregas e a todas concepções primitivas do mundo.
Deixando para trás a tradição em favor do poder do intelecto humano
autônomo, e com auxílio da ciência, o Homem moderno pôs-se a caminho por
conta própria, decidido a encontrar os princípios do funcionamento do novo
Universo, a explorar e ampliar suas novas dimensões.
Assim, a busca da verdade na Ciência é um complexo caminho de idas e
vindas, onde devemos usar o conhecimento atual para produzir novos
conhecimentos, com uma única certeza: de que o que sabemos "com certeza"
agora, amanhã poderá ser somente uma ilusão. Devemos saber usar o novo
conhecimento adquirido para voltar atrás e verificar nossas antigas idéias e
crenças, evitando sempre cair no perigoso Mito do Cientificismo.
Referências Bibliográficas
1. CHAUI, Marilena. "Um Convite à Filosofia" - 12a. edição, 2001 - Ed. Ática
2. Reader's Digest - Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial - 1998
3. TARNAS, Richard. "A Epopéia do Pensamento Ocidental - Para compreender as
idéias que moldaram nossa visão de mundo" - 3a. edição, 2000 - Ed. Bertrand
Brasil
4. ROSNAY, Joel de. "O homem: gênio individual, idiota coletivo" In: CASTRO,
G.; CARVALHO E.A.; ALMEIDA M.C. "Ensaios de Complexidade" - 1997, Ed. Sulina
5. REINEHR, R. L. "Questão sobre a simetria da confirmação de hipóteses" -
03/05/2001 (trabalho para Introdução à Filosofia da Ciência - UFRGS)
* (trabalho apresentado em 4 de julho de 2001 na cadeira de Introdução ao
Pensamento Sociológico do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da
UFRGS)
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3. Sobre vedanta
autor não informado, enviado por Daiana da Silva
O viver religioso
Era um moço asseado, de rosto vivo, olhos brilhantes e sorriso fácil.
Estávamos sentados no chão de um pequeno aposento que dava para um pequeno
jardim. Esse jardim era cheio de rosas, das brancas às quase negras.
Pendurado num ramo, um papagaio de cabeça para baixo, com os olhos
brilhantes
e o bico vermelho. Olhava para um outro pássaro muito menor.
O moço falava regularmente o inglês, mas hesitava um pouco no emprego das
palavras, e naquele momento mostrava-se sério. Perguntou: "Que é vida
religiosa?. Já fiz esta pergunta a vários gurus e todos deram a resposta-
padrão, e, se permitis, desejo perguntar-vos a mesma coisa. Eu tinha um bom
emprego, mas, como não era casado, abandonei-o porque, intimamente, me sinto
atraído pela religião e desejo descobrir o que significa viver
religiosamente, num mundo tão irreligioso". Não seria preferível, em vez de
perguntar o que é vida religiosa, indagar o que é viver?
Talvez então compreendamos o que é a verdadeira vida religiosa. Isso que se
chama "vida religiosa" varia de clima para clima, de seita para seita; e o
homem sofre por causa da propaganda das religiões organizadas em defesa de
seus próprios interesses. Se pudéssemos pôr de parte tudo isso - não só
crenças, dogmas e rituais, mas também a respeitabilidade criada pelo cultivo
da religião, talvez então descobríssemos o que é uma vida religiosa, não
contaminada pelo pensamento do homem.
Mas, antes disso, tratemos, como dissemos, de averiguar o que é viver. A
realidade do viver é a fadiga diária, a rotina, com as respectivas lutas e
conflitos; é a dor da solidão, a aflição e esqualor da pobreza e da riqueza,
a ambição, a busca de preenchimento, o êxito e a tristeza - que abarcam toda
a esfera de nossa vida. Eis o que chamamos viver - ganhar e perder batalhas,
e a interminável busca de prazer.
Contrastando com isso ou como seu oposto há o que se chama "viver religioso"
ou "vida espiritual". Mas todo oposto contém de certo a semente de seu
próprio oposto e, por conseguinte, ainda que pareça diferente, na realidade
não o é. Podem se mudar as roupagens externas, mas a essência íntima do que
foi e do que deverá ser é a mesma. Essa dualidade é produto do pensamento e,
portanto, gera mais conflito; esse conflito é uma galeria interminável.
Sabemos de tudo isso; outros no-lo têm dito ou nós mesmos o temos
experimentado. Isto é o que se chama viver.
A vida religiosa não está na outra margem do rio; está neste lado - onde se
acham todas as agonias do homem. É este estado que temos que compreender, e
a
ação da compreensão é o ato religioso - e não o cobrir-se de cinzas, cingir
os quadris com uma tanga ou a cabeça com uma mitra, o ocupar o trono dos
poderosos ou ser transportado no dorso de um elefante.
Ver inteiramente a condição do homem, seus prazeres e aflições, é de
primária
importância, e não o especular sobre o que deveria ser uma vida religiosa.
"O
que deveria ser" é um mito; é a moralidade criada pelo pensamento e a
fantasia, moralidade que devemos rejeitar - social, religiosa,
profissionalmente. Essa rejeição não vem do intelecto mas é, com efeito, um
sereno abandono do padrão dessa imoral moralidade.
Portanto a questão é realmente esta: Temos possibilidade de sair desse
padrão? Foi o pensamento que criou essa medonha desordem e angústia, e ele é
que está impedindo tanto a religião como a vida religiosa. O pensamento se
julga capaz de sair do padrão, mas, se o faz, isso será ainda um ato de
pensamento, porque o pensamento não tem realidade e, por conseguinte, só
pode
criar outra ilusão.
Ultrapassar tal padrão não é um ato do pensamento. Isso precisa ser
compreendido claramente porque, do contrário, vos vereis novamente encerrado
na prisão do pensamento. O "vós", afinal de contas, é um feixe de memórias,
de tradição e do conhecimento acumulado em milhares de dias passados. Assim,
só com a terminação do sofrimento - pois o sofrimento é o resultado do
pensamento - pode-se sair do mundo da guerra, do ódio e da violência. Esse
ato de sair é a vida religiosa. Essa vida religiosa não tem crença nenhuma,
porque não tem amanhã.
"Não estais exigindo o impossível, senhor? Não estais querendo um milagre?
Como posso sair de tudo isso sem o pensamento? O pensamento é o meu próprio
ser!"
Exatamente! Esse "vosso próprio ser", que é pensamento, tem de acabar. Esse
egocentrismo com todas as suas atividades tem de morrer, sem esforço,
naturalmente. Só nessa morte se encontra o começo da vida religiosa.
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4. A Cartilha do Simplicíssimo (em 19 lições) - O seu curso de
aperfeiçoamento na Última Flor do Lácio
Rafael Luiz Reinehr
Lição número 12
Júlio teve um sonho muito ruim.
Sonhou que estava no meio de um jardim.
Viu uma jibóia e um jacaré no jardim.
Júlio acordou e correu para fechar a janela.
Êle ficou com mêdo do jacaré e da jibóia.
Julieta está sentada junto à janela.
Ela está bordando um lenço.
Está bordando com linha amarela.
A unha de Julieta é comprida.
A linha pega na unha de Julieta,
e Julieta acha ruim.
É cedo para o jantar.
Mamãe está preparando um pudim de cenoura.
O pudim é uma delícia.
nha nho ji ja jar jun
unha sonho jibóia jacaré jardim junto
pedra dra
A pedra está no chão.
A pedra é bonita.
A criança pega a pedra.
criança cri
O grilo é um bichinho.
O grilo estraga tudo.
As crianças matam grilos.
grilo gri
Esta criança é filha do Tito.
Ela é boa criança.
É uma criança esperta.
ê u é ô ó i a
dre dru dre dro dro dri dra
gre gru gre gro gro gri gra
cre cru cre cro cro cri cra
Pedrinho ouve o grilo:
Cri... Cri... Cri...
Pedrinho pergunta:
- Que é isso, mamãe?
- É um grilo, meu filho.
- O grilo come criança?
- Não, meu filho. O grilo não come criança.
Êle é muito pequeno.
Pergunta Pedrinho:
- Como pode um bicho pequeno gritar tanto?
Pedrinho é filho de Pedro.
Pedro é pedreiro.
Êle trabalha de madrugada.
Êle trabalha na igreja grande.
A irmã de Pedrinho está doente.
Êle compra drogas na drogaria.
Ela não come nada cru.
grilo criança pedra droga
gritar cri pedreiro drogaria
grande cru Pedro
igreja Pedrinho
madrugada
gêmeos gê
As crianças são gêmeas.
Os gêmeos são engraçados.
Os gêmeos são espertos.
Êles se chamam Paulo e Paulina.
O zebu é da fazenda do Vovô.
O zebu é gado bom.
O fazendeiro tem muito zebu.
As frutas da fazenda são boas.
As frutas são boas para a saúde.
Como as crianças gostam de fruta!
zebu ze Ze
fruta fru
ê é a i ô ó u
ge ge - gi - - -
fre fre fra fri fro fro fru
ze ze za zi zo zo zu
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5. Escrever por Escrever XIII (excertos)
Rafael Luiz Reinehr
{06/05/2001 - Domingo - 22:57}
Achei o artigo do Heller. Já fiz 5 das 6 perguntas. A sexta, "Estado: visão
liberal e visão marxista" vou entregar na próxima aula. Não achei
bibliografia adequada. Tinha que ler ressucitação cardíaca para amanhã. Não
estou com saco. Trabalhei o dia inteiro, li as 30 páginas da Teoria do
Estado e agora estou cansado. Queria dormir e só acordar amanhã na hora de
ir para o Hospital. Isso é difícil em um plantão com esse tempo. Agora mesmo
atendi uma criança de 3 anos e meio com asma. Nessa época as doenças
respiratórias aumentam muito em prevalência.
Afinal de contas, qual é único líquido seco?, me perguntaram hoje. A
primeira coisa que pensei foi mercúrio, mas decidi não responder, porque não
estava certo da resposta. Pensei mais um pouquinho e respondi: vidro. Sim,
porque o vidro é considerado um líquido, acho que é considerado o líquido de
mais alta viscosidade. É só olhar nas catedrais antigas: os seus vitrais são
mais espessos na base do que no topo, porque nessas centenas de anos o vidro
escorreu! Aí me responderam que era o mercúrio. Aí eu perguntei qual era a
definição de seco. Não me responderam. Agora tenho que procurar para ver se
realmente o mercúrio é seco. Sugeri que talvez fosse pelo seu alto ponto de
ebulição. Será?
Também tivemos aqui na Clínica uma discussão entre fé e religião e razão e
filosofia. Quem está mais certo? Os primeiros? Os segundos? Ambos se
complementam? É óbvio que não chegamos a conclusão nenhuma... Ou melhor,
cada um continuou com a mesma idéia que tinha antes de começar a conversa.
Somente decidimos que vamos tratar de conhecer melhor o argumento do
"oponente' com nossos próprios estudos. Essa idéia eu já tinha: terminar de
ler a Bíblia, o Alcorão, os Dharmas... Tem tanta coisa que eu preciso
saber... Hummm... Já sei! Vou elaborar uma lista dos livros que eu tenho que
ler de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde. Éééé!!! Bem pensado! Vejam
só: isso já faz parte do meu processo de organização, de preparação
espiritual para a Era de Aquarius. Ah! Isso me lembra de fazer uma espécie
de resenha de um artigo que saiu na Zero Hora na virada do milênio
justamente sobre isso: O Novo Milênio e a Era de Aquarius.
Agora está dando uma fominha... Mas já jantei. Comi pizza que sobrou de
ontem à noite. Esse foi meu almoço também: uma fatia de lombo canadense com
catupiry, uma de strogonoff de frango e uma de calabresa. Hoje de manhã me
incomodei um pouquinho: aqui na Clínica tenho direito a um tíquete-refeição
por cada 12 horas de plantão. E não é que hoje pegaram o meu tíquete para
comprar comida para todo mundo (para mim inclusive) só que sem pedir minha
permissão!? Fiquei um pouco chateado, pois quando a comida chegou eu já
estava com minha pizza prontinha, aquecidinha. Claro que não comi nada e
pedi gentilmente o meu tíquete. Pôxa. Se eu já trouxe a pizza era porque não
queria gastar dinheiro (já tinha gasto R$16,45 com a pizza!). O Jorge está
lá embaixo fazendo uma massa... Hummm...
"Você é meu amorzinho
E eu sou o seu amorzão
Você é o tijolinho
Que faltava na minha construção" (música-tema da Campanha para a construção
do Instituto da Criança com Diabetes Conceição).
Como é bom esse friozinho... Ficar entrouxado de roupas... O melhor de tudo
é ficar embaixo das cobertas, com um monte de guloseimas do lado
(salgadinhos, pipoca, pinhão, doces, chocolates, refrigerantes), assistindo
a um filminho ou lendo um (ou vários) bons livros e, de preferência,
acompanhado por alguém que te ama. Ah! O Paraíso sem tirar nem por! Ou
melhor: depois do filmezinho, tirando e pondo, vááááárias vezes (he-he-he!).
{06/05/2001 - Domingo - 23:24}
{10/05/2001 - Quinta-feira - 03:27}
Acabo (mais ou menos) de chegar do show do Ira! Lá no Opinião! Tava tri da
massa! Muuuuuito legal! Sabe que toda vez que vou num show afudê me dá uma
tristeza porque vejo a merda de guitarrista que eu sou... Ao mesmo tempo, dá
uma vontade desgraçada de aprender a tocar muito, mas muito bem... Para
isso, certamente teria que largar a Medicina. No momento, isso é
impraticável... Mas esse seria o momento de me dedicar plenamente à
música... O tempo passa, o tempo voa, e a poupança B...us continua numa
boa...
Tô louco para que a Carol venha para (((...))) Hummmm....
Hora de nanar! {10/05/2001- Quinta-feira - 03:34}
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